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Katiucia Garcia Vilela

Este módulo me apresentou uma perspectiva que não me era desconhecida, no entanto, pude olhar de frente, sem temor, sem dogmas, sem culpa. A disfunção! Acredito que sempre me senti responsável, responsável por muitos, inclusive mãe e pai. Após o entendimento das leis sistêmicas, pude reconhecer que como “filha do casal”, sentia que precisava manter o enlace matrimonial de meus pais, o relacionamento deles. E isso era um fardo, claro, uma dor e sofrimento. Sempre estava pronta para defender minha mãe. Sempre ouvi a história de que quando estava sendo gestada, minha mãe descobriu uma traição. Claro, que esta memória ficou impressa em meu campo! Assim, recebi, inconscientemente, a ´função´ de protegê-la para que jamais isso voltasse a acontecer, pois me sentia culpada e responsável por aquele fato. Assim, sempre estive na defesa, defendendo e me defendendo, sem relaxar, sem entender que poderia estar como criança, filha dos meus pais.

Este entendimento trouxe alívio e percepção de uma irritação muito constante na função mãe. A percepção de que carregava a condição de que eu dava conta, sempre dava conta, então para que marido? Ele era o reprodutor, tão somente, jamais poderia ser bom me relacionar com ele, como homem e mulher. A função nossa era procriação, ponto, nada mais. Com a chegada dos filhos finalizou a função. Desta maneira, acabou a libido, e todo o mais que é ínsito a este relacionamento. Ali eu estava cumprindo a função de cuidar da família e, pronto! Assim precisava ser, estava tudo certo. Até o momento em que se tornou impossível ignorar aquela dor. E agora? A possibilidade de separação apareceu, para ambos, pois me sentia pressionada a exercer minha função de esposa e aquilo era aterrador. Pois, inconscientemente, tudo já estava cumprido, já tínhamos cumprido nossa função, trazer estas crianças ao mundo e sermos bons pais, o mais não fazia parte dos meus planos.

Hoje trago esta reflexão e ainda, em alguns momentos, não sinto, plenamente, que este ‘nó’ se desfez. Será que consigo estar como esposa? Fiz movimentos para sentir o meu lugar, como filha, deixando com cada um o que é deles de direito. Dizendo sim para a relação do pai e da mãe, pois reconheci o quanto interferia, me sentindo culpada pelo sofrimento da minha mãe! Reconheci! Acredito que estou vivenciando um descenso vibracional, assim chamamos na homeopatia, aquilo que estava vibrando em outra dimensão e foi acessado, está agora passando pelo processo de descida para chegar no aqui e agora e então, se instalar um novo olhar, uma nova possibilidade!

Rendo graças por esta possibilidade, de fazer diferente nesta dimensão, estando como KATIUCIA. Percebo que o exercício agora é auto-acolhimento.  Ainda sou uma autocobradora, ainda me sinto imensamente responsável por situações das mais diversas, ainda estou sentindo o meu LUGAR, isso é bem notório pra mim. Ainda estou percebendo que EU SOU, como agir diante dos desafios da rotina, percebo que a rotina, o relacionar-se com o cotidiano o quanto ainda traz mistério profundos, o manter simples ainda é um desafio. Sinto o quando é sublime este chamado, MANTER SIMPLES, e sinto que representa um ponto de mutação.

Ainda não estou no agora, ainda vibro lá, ainda estou em algum lugar me sentindo responsável, ainda carrego a crença de ser ‘responsável’ pela felicidade alheia, ainda que em uma proporção bem mais atenuada. Alguém em mim, já sabe que estou no caminho. Esta atitude já se apresenta notória, nos dias atuais, me pego no ´flagra´, o que é maravilhoso. Muito bom, poder sentir antes de agir.

O sentimento de se ver pequena diante dos pais é libertadora, um alívio imediato se apresenta. Ver e sentir os pais grandes, protetores, capazes, é um antídoto para toda a ´carga´ que se apresentava anteriormente.

Ali no exercício, um novo destino foi apresentado, e centenas puderam seguir, com leveza e suavidade, com a certeza de que tudo foi como precisava ser. Que, sim, somos detentores do nosso destino e nada nos é impossível. O remanejar de um destino, representa o remanejamento de centenas de outros, pois ali, estávamos todos agindo sob um mesmo olhar, o olhar da dor, nos sentindo responsáveis por aqueles que vieram antes. Quando me vi pequena, uma tela holográfica se apresentou, e muitos filhos se sentiram filhos. Possibilitando a instalação da felicidade, com esperançar.

A magia se apresenta em cada vivência. Percebi que o pai e a mãe, conseguiram sentir a força da função, sentir a capacidade de estarem imbuídos desta dádiva. Quando instalei esta perspectiva de que sou pequena diante deles, eles puderam se sentir grandes, e então, puderam se sentir pequenos diante dos pais deles. Todos ali, assumiram um lugar mágico, um lugar de força, todos sentiram a dádiva de um novo olhar e a liberação desta dádiva.

Incrível como o peso que estava no pescoço e ombros foi retirado. Tinham muitos ali, como se por onde eu passasse eu precisava fazer daquela maneira, porque, em algum lugar, me comprometi com aquele comportamento, e não fazê-lo era ser fraca, era dizer que não dava conta e, então, muitos iriam sentir a consequencia do meu ato, consequencia negativa, pois receberiam de uma só vez, tudo que acumulei por séculos, em um padrão de comportamento repetitivo. Sim, o sentimento era de séculos daquele padrão. Séculos atuando daquela maneira, independente da função que eu exercesse, aquele padrão estava presente. Carregar, fazer por alguém, sob pena de ser considerada incapaz ou de estar falhando com a missão assumida.

O ato de sentir o meu lugar, de me sentir filha, foi o gatilho para me sentir mãe, esposa, parceira. Como disse antes, ainda estou em descenso vibracional, os personagens em mim que assim sempre atuaram, estão, aos poucos sendo reconhecidos e ensinados que pode ser diferente, que pode ser com amor. Que é possível fazer parte, sem dor, sem peso, se carga e, ainda assim, ser útil, estar a serviço de Algo Maior. Hoje percebo que essa ‘necessidade’ de sobrecarga estava diretamente conectada com esta intenção de ser aprovada e reconhecida. Reconhecida pelo papai e pela mamãe, mas como me fiz grande, eu não permitia estes olhos de reconhecimento, a arrogância, ou seja, o arrogar pra mim aquilo que não me era de direito sempre me manteve neste ´looping´ de querer mais, fazer mais, mantendo a insatisfação sempre latente. Agradeço cada movimento da Alma, agradeço por sentir que estou irrompendo mais de mim mesmo para o mundo! Gratidão!

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