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Como seres humanos, precisamos de outras pessoas e elas precisam de nós. Entretanto por trás dessa necessidade recíproca esconde-se também o risco da fixação simbiótica e da monopolização recíproca, a tal ponto que já não restem espaços livres exteriores ou interiores. Repetir constantemente às crianças que elas são dependentes, carentes e incapazes é algo extremamente tóxico para a alma delas. É o que revelam as seguintes frases:
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De mais a mais, as crianças percebem diariamente suas próprias deficiências e dependências. O que elas precisam receber dos adultos é principalmente estímulo e apoio para fazer as coisas por si mesmas, olhar o mundo pelos próprios olhos e confiar nos próprios sentimentos. Os adultos precisam mostrar-lhes o caminho para se tornarem mais autônomas e responsáveis por si.
No que diz respeito à evolução psicológica, a construção de um “eu” inconfundível consegue-se por meio de um oponente que seja identificado por sua estatura firme e constante. A presença desse oponente permite à criança definir a si mesma como diferente dele. No confronto com o outro eu, a criança aprende a perceber-se como diferente dele. Com isso ela entende: não sou minha mãe, não sou meu pai, nem minha irmã. Sou diferente deles.
Quando porém, as principais pessoas de referência não sabem quem são e não se conhecem, não podem ser percebidas como pessoas pela criança que cresce. Com isso fica muito difícil, ou mesmo impossível para a criança diferenciar-se delas para desenvolver o próprio Eu. O mais importante é que as pessoas que não sabem quem são, frequentemente dão aos outros falsas informações de retorno. Pode acontecer que uma pessoa seja confrontada com mensagens sobre como ela é, que em absoluto não tem nada a ver com ela, porque a outra pessoa projeta sobre ela suas cargas pessoais mal digeridas. Como a criança não percebe esses mecanismos projetivos de defesa dos adultos, ela adota essa visão falsa de si mesma e deixa de confiar nos próprios instintos, impulsos, sentimentos e pensamentos.
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Existem diversos resultados de pesquisas de psicologia evolutiva que descrevem, passo a passo, o desenvolvimento da criança nos primeiros meses e anos de vida ( Spitz,2005; Stern ,2007; Sander 2009). Admite-se hoje que a criança inicialmente se descobre na interação com outras pessoas e então progressivamente desenvolve uma consciência de identidade relativamente às suas próprias ações. “ Em suma, na origem de uma explicita percepção de si poderia haver uma capacidade prematura de contemplar e repetir ações para investigar seus efeitos. Tal capacidade ultrapassaria a percepção física imediata de si mesmo que o bebê experimenta, desde o seu nascimento, na interação com objetos corporais e com as pessoas. Suponho que esse processo contribua para uma precoce objetivação de si mesmo, que evolui até tornar-se , na metade do segundo ano de vida, uma explicita idéia de si” ( Rochat,2008,p.261s).
Quando as crianças se tornam adolescentes, precisam, em certa medida, de um mundo que seja “livre de pais e de adultos“ para que baseados nos próprios sucessos e fracassos, aprendam a reconhecer por si mesmas o que elas podem e o que elas não podem fazer, quem elas são e quem não são. ( Kasten, 1999) Simultaneamente apoiar e soltar – é nisso que consiste a arte refinada dos esforços educacionais dos pais durante a puberdade (Rogge, 2009).
Na fase da adolescência , que antecede imediatamente a maturidade sexual, as pessoas elaboram suas próprias concepções de valores e buscam algo que dê um sentido pessoal à vida delas. Tentam substituir por atitudes , numa certa medida , o apoio externo que até então receberam da família , da escola, ou do círculo círculo de amigos( Holderegger, 2010).
Também os adultos, nas relações simbióticas duradouras (parcerias, relações de trabalho, amizades) que eles retomam em maior número após a fase da descoberta de si, necessitam ter áreas de interesse pessoal, que não partilhem com outras pessoas. Não devemos dissolver -nos em nossa família, nossa firma, nosso partido, nosso clube, ou nossa pátria - em caso contrário, não seremos nós mesmos, mas apenas escravos das exigências familiares ou das máquinas de enriquecimento, funcionários de partidos, fanáticos sem visão, ou nacionalistas obstinados.
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As pessoas que exaltam o serviço que prestam ao grande todo, são justamente aquelas em cujo desprendimento muitas vezes não se pode confiar. Disfarçadamente usam suas posições de poder para eximir-se de olhar para si mesmas e levar adiante o próprio desenvolvimento. (Gruen,2009).
Do livro de Franz Ruppert,"Simbiose e Autonomia nos Relacionamentos". O Trauma Da Dependência e a Busca da Integração Pessoal.
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