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A criança que fui...



A criança que fui...


“Quando me for deste mundo, partirão duas pessoas.


Sairei, de mão dada, com essa criança que fui.


Tentei não fazer nada na vida que envergonhasse a criança que fui.


Em meio ao agitado caleidoscópio dos dias e das horas atuais, quem ainda encontra tempo para pensar na criança que um dia foi?


Nestes tempos tumultuados que nos foi dado a viver, quem toma o cuidado de não fazer nada que possa envergonhar a criança que um dia foi?


Da criança pequena que um dia fomos, o que foi que sobrou?


Da criança pequena que um dia fomos, o que foi que o mundo não nos roubou?


A criança pequena que era capaz de se encantar com uma poça d'água, e que sabia o valor das coisas que não tem preço.


Viver talvez seja isso, a jornada sem fim rumo à criança que um dia fomos, o resgate do nosso melhor.


O retorno à nossa versão mais pura, mais humana, mais amorosa e solidária.


O retorno à simplicidade é a verdadeira felicidade.


Quem de nós se mostra digno de tão elevado propósito?”


José Saramago



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