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Adoção

Compartilho esse texto do meu professor Renato Bertate, médico, e precursor da

Constelação Familiar no Brasil.

Começo pelo primeiro grupo, o dos pais biológicos. Pode ser um pensamento muito comum dizer que os pais biológicos abandonam uma criança porque não são bons pais, porque estão rejeitando essa criança ou porque, por algum motivo, precisam entregá-la. O que a gente nota é que, quando isso acontece, existe uma carga emocional muito profunda envolvida em toda a questão, tanto para os pais que estão fazendo essa entrega ou para a família, quanto para a criança que está se afastando de um núcleo ao qual ela pertence.



Neste momento, existe uma carga emocional de dor, de sofrimento, de perda e de separação muito profunda e que vai gerar consequências para todos, por gerações e para sempre. Podemos observar que isso é um foco de enredamentos, ou seja, um acontecimento muito grave de exclusão na família que pode trazer muitas consequências, que vão desde traumas profundos a doenças, sintomas que podem acompanhar tanto a criança e os pais que a entregaram quanto as famílias que muitas vezes estão por trás e participam desse processo.

De um modo geral, o nosso foco tende a ficar muito na criança e nos pais que a adotaram. Muitas vezes, excluímos os pais biológicos, como se eles não fossem bons o suficiente ou como se eles não tivessem mais direitos. Às vezes, fazemos até mais que isso, muito mais que isso: muitas vezes esses pais biológicos são profundamente julgados e até mesmo condenados por nós ou por quem lida com estas situações.



Quando fazemos isso - seja como facilitadores, terapeutas ou como médicos, internamente estamos excluindo possibilidades para soluções que, às vezes, estão neste nível mais amplo. Muitas vezes, as soluções para as consequências de um processo de adoção, tanto para a criança como para os pais adotivos, estão em incluir os pais biológicos.


Dessa forma, olhar para os pais biológicos e nos dedicarmos a eles sem julgamentos é o que nos possibilita buscar caminhos e soluções para ajudar o lado de cá, como a criança adotada e os pais adotivos. Muitas vezes também ajudamos os pais biológicos com isso. Como médico, também me deparo com essas pessoas: aquelas que entregaram as crianças.

Já tive alguns clientes que, por algum motivo, tiveram que entregar os filhos e, depois, que conviver com isso; pessoas que sofreram as consequências de entregar um filho para adoção. Essas pessoas sofrem e, em alguns momentos, buscam ajuda. Elas querem uma forma de conviver melhor com esta dor, com este sofrimento ou com as doenças e os sintomas que, muitas vezes, estão relacionados a esse processo de entregar uma criança para adoção.


Já recebi mães com dores crônicas e, quando olhávamos para essas dores a nível sistêmico, o que se revelava era dor de ter entregue um filho para adoção. Nesses casos - das famosas dores crônicas sem etiologia -, remédio algum faz efeito, deixando os médicos de mãos atadas. Claro, não podemos acreditar que toda dor crônica é consequência deste tipo de ato. Existem muitas dinâmicas sistêmicas ou mesmo fisiológicas que podem gerar quadros de dor crônica, mas muitas delas podem ter como origem questões sistêmicas.


Por isso, é muito importante ter em vista os pais biológicos. Na maioria das vezes, eu falo da mãe porque é ela quem decide o destino da criança e são vários os motivos que podem levar uma mãe a entregar o seu filho.


Às vezes, uma mãe biológica entrega uma criança porque está com raiva do pai que não assumiu a paternidade do filho. Então, essa mãe entrega uma criança para adoção porque ela está machucada e ferida, com raiva de ter que se relacionar com uma criança que representa um amor frustrado.”


Adoção: Como alcançar o sucesso

Renato Bertate

Esse livro pode lhe ajudar muito a lidar com o difícil processo da adoção.

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