A vida é vida e morte, amor e energia assassina, algo e seu oposto. A força para viver chega até nós exatamente pela superação do difícil e, especificamente, pela reconciliação dos opostos. Aceitar a realidade como ela é significa aceitar passar por uma proposta contínua de contradições ou paradoxos que buscam ser integrados por nós. Tudo se apresenta em dualidade ou polaridade para que possamos alcançar sua unificação. Os confrontos com as polaridades são as etapas do nosso processo de crescimento, são oportunidades de purificação e fortalecimento, são sempre portas para algo novo.
O ser humano vive e cresce através dos conflitos e se realiza como ser humano graças aos conflitos, sejam sofridos ou provocados. Tudo está sujeito ao equilíbrio entre dar e receber, tanto no nível individual quanto no macrossocial. E a este grande movimento de compensação nenhuma sociedade pode se opor, todos são tomados por esses grandes reequilíbrios.
Quanto mais nos afastamos do momento presente e da atitude do adulto, mais precisamos de uma crise para voltar ao presente ou ao adulto. Todas as atividades sociais são enquadradas em grupos ou campos de pertencimento: família, grupos de amigos, sociedades esportivas, profissão, ideologia etc. Você precisa sentir que pertence, sem perceber que pertence em troca de perder sua autonomia: você tem que se conformar, tem que desempenhar o papel idealizado pelo grupo, ou imitar os padrões que permitiram a sobrevivência e talvez até o poder desse grupo. Pertencer a esses campos sociais força a submissão e a repetição de padrões, já não podemos mais nos guiar por nós nem pelo momento presente.
As crises, tanto pessoais quanto as institucionais, são precisamente chamadas da vida, da energia, para se soltar desses moldes e voltar a se abrir para o presente a partir da decisão autônoma de cada um. As crises são movimentos de compensação do passado que continuamente forçam a pessoa a mudar e se adaptar a novas condições.
As dificuldades são movimentos do Vazio Criativo, também chamado de campo do vazio quântico, que visa nos fazer mudar para mais vida, para algo novo. São energia pura, a serviço do amor e da vida. Nas crises, o movimento do espírito se desdobra, esbanjando sua força e seu amor sobre aqueles que querem ver e mudar. Porém, viver em crise não significa resolvê-la, aceitá-la e enfrentá-la. A maioria das pessoas passa por crises de vitimização ou luta, não a partir da compreensão que se trata de abrir mão de algo pessoal ...
Tudo está em movimento. O que fica estagnado provoca a crise. Crise a serviço do movimento. As dificuldades são o prelúdio de saltos qualitativos. Sua resolução permite saltos quânticos. A vida em todos os seus níveis é uma sucessão de expansão e contração.
Brigitte Champetier de Ribes
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