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O caminho fenomenológico do conhecimento segundo Bert Hellinger.

Atualizado: 28 de mai. de 2024

A observação



É aguda, precisa e direcionada para os detalhes. Por ser tão precisa é também limitada. Escapa-lhe o que está ao redor, tanto o que está mais próximo quanto o mais distante. Porque é tão exata, ela é próxima, resoluta e penetrante também, de certa forma, impiedosa e agressiva. Ela é condição para a ciência exata e para a técnica moderna que é dela proveniente.


Percepção


É distanciada. Precisa da distância. Ela percebe simultaneamente várias coisas, abrange com a vista, ganha uma impressão do todo, vê os detalhes ao seu redor e no seu lugar.  Entretanto no que diz respeito aos detalhes, ela é imprecisa. Este é um lado da percepção. O outro é que ela compreende o que é observado e percebido, ela compreende o significado de uma coisa ou de um processo observado e percebido. Ela vê, por assim dizer,  por trás do observado e percebido, compreende o sentido. Portanto acrescenta-se  a observação externa e a percepção uma compreensão.



A compreensão


É baseada na observação e percepção. Sem a observação e a percepção não há compreensão. O observado e o percebido permanecem desconectados. Observação, percepção e compreensão compõem um todo. Apenas quando atuam juntas é que podemos agir de um modo significativo, sobretudo ajudar de um modo significativo.


A intuição


Na execução e na ação aparece frequentemente ainda um quarto elemento: a intuição. Ela está relacionada à compreensão, assemelha-se a ela, mas não é a mesma coisa. A intuição é a compreensão súbita da próxima ação a ser realizada. A compreensão é muitas vezes geral, compreende todo o contexto e todo  o processo. A intuição pelo contrário reconhece o próximo passo  e por isso é exata.  A relação entre intuição e compreensão é semelhante à relação entre a observação e a percepção.



A sintonia


É percepção que vem de dentro, em um sentido amplo. Também está direcionada a uma ação, de maneira semelhante a intuição, principalmente a uma ajuda que conduz a ação. A sintonia exige que eu entre na mesma vibração do outro, que chega a mesma faixa de onda, sintoniza com ele e, assim, entendê-lo.


Para entendê-lo é preciso entrar em sintonia com sua origem, principalmente com seus pais, mas também seu destino, suas possibilidades, seus limites - também com as consequências de seu comportamento, sua culpa e finalmente, com sua morte.


Em sintonia, eu me despeço de minhas próprias intenções, meu julgamento, meu julgamento, meu superego e daquilo que ele quer, do que eu devo e preciso fazer. Isso quer dizer: eu chego à mesma sintonia comigo e com o outro. Dessa forma, o outro também pode entrar em sintonia comigo, sem se perder, sem precisar ter medo de mim. Também posso estar em sintonia com ele e permanecer em mim mesmo. Não me entrego a ele, em sintonia com ele conservo a distância e, exatamente por isso, posso perceber precisamente o que posso e devo fazer quando o ajudo. Por isso a sintonia é também passageira. Dura somente o tempo que dura  a ação que ajuda. Depois disso, cada um volta a sua vibração especial. Por isso não existe na sintonia transferência, nem contratransferência, nem a chamada relação relação terapêutica, portanto, nenhuma tomada de responsabilidade pelo outro. Cada um permanece livre do outro.



E no fim...


Hellinger: Carlos Castaneda em seu livro sobre Os ensinamentos de Don Juan, fornece um breve tratado sobre os inimigos do saber. O primeiro inimigo citado é o medo. Somente quem supera o medo pode ver claramente o real.

Linz: E qual é a melhor maneira de vencer o medo?



Hellinger: É dizer sim ao mundo como ele é. Este é o grande passo.  Quem aceita a morte e a doença, o destino próprio e dos demais, o fim e a impermanência, supera o medo e ganha a clareza.

 
 
 

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