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Quando, em um sentido simbólico e sistêmico o relacionamento é o encontro de muitos, em um sentido real é o encontro de dois que se unem para seguir um caminho em comum, durante certo tempo de vida. E são pares, ou seja, dois e iguais, pelo menos é o que seria desejavel. Não obstante, no mundo do casal costuma haver uma dinâmica bastante comum em que, em vez de dois sejam três no campo emocional. O que significa que a atmosfera do casal inclui um terceiro em torno do qual giram suas mais importantes dinâmicas. Esse terceiro que configura o triângulo, pode ser um amante, o álcool, drogas ou outras substâncias, um(a) companheiro(a) anterior, um(a) parceiro (a) idealizado pela fantasia de um dos membros do casal, A mãe e o pai de um deles ou um filho especialmente querido por um dos Pais acima de outro progenitor ou até mesmo um emprego ou uma vocação especial, etc.
Alguns autores falam do "casal alcoólatra ou viciado" no sentido de que não só quem consome é viciado, ambos transformam o álcool ou a substância no principal foco de atenção do relacionamento: O viciado perde a dignidade consumindo e seu (sua) companheiro (a) junta-se a ele, ou o persegue e censura, e/ou tenta salvá-lo ou se torna vítima dele por conta dos maus tratos que os vícios acarretam. O álcool e outras substâncias aquecem o coração e agem como amores e seguros sempre disponíveis, especialmente para as pessoas que não se sentem queridas, mas desprezados pelo(a) companheiro(a) ou que em sua família de origem o pai era desprezado pela mulher ou vice-versa. Então, cria-se uma espiral fatal: o viciado vai atrás da substância buscando o calor que lhe falta, porque não se sente querido, e seu companheiro ou despreza legitimamente por isso, e então, o viciado se sente ainda mais desprezado e consome mais, o que causa mais desprezo do companheiro e assim segue em sua escalada, sem fim, de difícil solução se não for abordada de maneira clara e decidida.
Naturalmente, o consumo de substâncias viciantes que são substitutos de má qualidade do amor ou anestésicos emocionais contra a dor, levam à destruição; e também é comum que as pessoas com vícios se voltem para a morte, como se os laços que as prendem a vida fossem fracos e elas quiserem seguir alguém querido que já faleceu, ou como se tentassem espiar uma culpa ou simplesmente desafiar a morte em um trágico duelo de poder. Em especial e embora pareça muito simples, são candidatos ao vício os filhos e as filhas que não tem a permissão (ou diretamente são punidos por) de sua mãe para amar o pai e, em vez de se preencher com o pai, preenchem-se com substâncias. Seja como for, o álcool ou Outras Drogas, tomam o lugar do terceiro no relacionamento e precisam ser desalojadas para que o casal se desenvolva como tal. No fundo, o álcool não deixa de ser o amante secreto, quando o vício é escondido, ou amante público, quando ele é aberto e notório.
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Quanto ao tema dos amantes, um assunto importante no mundo do casal tem a ver com a liberdade e os pactos que se estabelecem no âmbito da Lealdade e da fidelidade sexual, com as emoções intensas de todo tipo que se desata, incluindo ciúme que cerca a infidelidade e que às vezes é a consequência, mas em outras ocasiões a precedem e até a desencadeiam. Eu vi casais Nos quais um dos membros sente enorme ciúmes infundados, fazendo presente no espaço mental de ambos um amante hipotético e inexistente como se pretendesse conseguir com sua insistência ciumenta, que o companheiro realmente seja Infiel e tenha uma aventura com um terceiro.
Essas pessoas às vezes, não param até que conseguem, pois o maior anseio de uma profecia é seu cumprimento, e o alvo de um medo intenso é atingido com sua verificação e confirmação. É como se o objetivo do ciúme fosse perder o companheiro, incentivar outra pessoa (coisa que talvez não entrasse nos pensamentos do parceiro) e convidá-lo a seguir essa direção.
Também parece que a pessoa ciumenta joga com o desejo oculto de não ser escolhida: ao contexto de uma disputa amorosa pela qual sente paixão, ela vai apostar no desejo de ficar de novo ferida e de fora, como uma terceira pessoa excluída por dois que se amam, ou vai querer confirmar sua convicção de que não merece amor, para encontrar assim a gratificação de sofrer suas próprias lágrimas. Ou tenta se sentir Triunfante encontrando o valor e a confirmação de si mesma por meio de sua vitória diante de um terceiro, em vez de confiar no amor. São jogos e tramas tão intensos quanto trágicos, que agem como reminiscências de dinâmicas familiares dolorosas nas quais a pessoa competiu pelo amor com irmãos ou com um dos Pais contra o outro. Em resumo, o ciúme é um paradoxal convite a infidelidade e consegue o contrário do que parece Pretender: perder a pessoa querida em vez de mantê-la.
João Garriga.
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