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Os Dois Movimentos Biológicos Universais

Em todos os seres vivos, a vida aponta o caminho do seu desenvolvimento diretamente em sua biologia.


Todas as células são animadas por dois movimentos, que as avisam a cada momento se estão tomando a direção certa para realizar seu propósito. Esses avisos dirigem sua sobrevivência, eles permitem adaptar sua atividade ao novo entorno detectado. Desde a ameba, nosso maior ancestral, todas as células dos seres vivos tem dois movimentos básicos: um de expansão e outro de contração.



No modo expansão as células se abrem ao entorno, ativando suas funções vitais de respiração, nutrição, reprodução e relação, cumprindo com sua respectiva função. Assim que o perigo se apresenta, a célula passa ao modo contração, ou evitamento, no qual se contrai sobre si mesma para evitar o perigo, tentando se tornar invisível e sobreviver, economizando toda sua energia, graças a restrição máxima de suas funções vitais: deixa de se nutrir, de respirar, deixa de se reproduzir, evitando se relacionar com o entorno perigoso. Quando o perigo se afasta, "algo" avisa a célula de que ela pode retornar a sua expansão.


Em outras palavras, existem dois movimentos universais que guiam todos os seres vivos: movimento em direção à vida e um movimento de evitamento de um perigo, ou seja, da morte. Esses dois movimentos são percebidos em cada uma das nossas células em todo momento, ou somos empurrados em direção à vida e a realização do nosso propósito, ou travados quando surge um perigo para essa realização.


Cada célula recebe a informação do que pode prejudicar a sua missão. Por exemplo, uma célula de epiderme não recebe a mesma informação que uma célula do fígado. Essa informação, expansão/evitamento é específica para cada célula. Os biólogos falam de um instinto de propósito que se dirige a cada ser vivo, desde que ele existe, mesmo quando se trata de seres primitivos como os unicelulares.


O indivíduo é guiado ao longo de toda sua vida por diferentes vias: as sensações internas, as metáforas de todo tipo, que são o idioma do inconsciente, as sincronicidades, as múltiplas intervenções do "campo", ou seja, da própria realidade, e entre elas, os conflitos externos. A liberdade da pessoa lhe permitirá seguir ou rejeitar os sinais recebidos a cada instante. Em momentos-chave esses sinais são muito mais contundentes embora a decisão de acatá-los continua sendo livre. De fato, quando tudo vai bem a sensação é sutil, mas assim que nós nos colocamos em perigo, o sinal se torna cada vez mais invasivo, incômodo, esperando desta forma, que a pessoa retifique a sua atitude. Veremos que o sinal irá utilizar desde qualquer sintoma desagradável até uma doença, um acidente ou um conflito com uma pessoa, a qual não podíamos imaginar que estivesse tão em sintonia conosco.

Nosso guia nos indica como avançar primeiro em direção a sobrevivência, e depois em direção a autonomia do adulto. Ele nos avisa quando nos afastamos das forças do amor ou quando nos deixamos aprisionar pela ressonância perigosa de uma compensação arcaica. Ele nos orienta para a realidade presente, nos reconduz em direção a nós mesmos, e a partir de nós, leva-nos até os outros, ao amor e a ação.


O Destino Individual


No ser humano, esse instinto biológico de propósito nos avisa de nossa missão desde nossa concepção, missão que nos leva simultaneamente, da fusão da criança a autonomia adulta e do coletivo a individualização. Esse propósito ou missão é a conquista da nossa autonomia em sintonia com tudo. Entrega ao presente, é o serviço à vida.


Essa missão-propósito é uma proposta que se ritualiza depois de cada uma de nossas respostas. De fato, a cada momento, transformamos nossa missão, e com ela nosso destino: os sinais nos despertam para as forças do amor e do agradecimento ao destino coletivo. Em consequência nosso destino individual se alivia, fica mais leve e se torna mais livre, cada vez que aceitamos o que nos cabe e o que nos deixamos mover pelas forças do amor. Pelo contrário, rejeitar as chamadas de atenção do entorno e do nosso corpo aumenta o peso do destino coletivo e da compensação arcaica na qual estamos aprisionados.


O Propósito


A informação que nos guia foge do nosso controle. Está continuamente em movimento. Suas nuances nos falam de tudo que pensamos, sentimos ou fazemos a cada instante. Ela nos propõe algo particular a cada momento, algo diferente e singularmente coerente.



Não podemos dirigi-la, ela nos dirige. Mais do que nos dirigir, ela nos informa cada momento se estamos em coerência com esse propósito de vida ou não. Mesmo que ignoremos esse propósito e nos seja difícil sentir o guia, por estarmos afastados dele, esse guia está sempre em nós. Quanto mais presentes estivermos, melhor o reconheceremos até que possamos dar conta de que somos Um com ele. Nosso adulto e essa percepção da direção são Um.

Quanto mais longe do adulto, menos aceitamos as mensagens do nosso guia, até que talvez, uma crise mais violenta no sacuda e nos abra os olhos para outra realidade. Então poderemos entender. Trata-se, antes de tudo, de renúncia e rendição. O propósito é estar presente na vida a cada instante da nossa existência, agradecendo o que chega até nós e dando conta da nossa vida. O presente implica estar no adulto, no amor maior, nas emoções primárias e na ação. Implica renunciar o drama, ao vitimismo e ao passado, e entendermos com agradecimento ao presente assim como ele é. Evidentemente não é uma escolha fácil, aí reside a sua grandeza.



Todos os hábitos nos levam a solução de facilidade: continuar no modo contração que surge da perda do adulto, da submissão às crenças, o dramatismo e aos conflitos, a doença, ao não realismo e a imitação dos outros, etc. No entanto, assim que renunciamos ao passado, o sinal muda e nos leva a paz e uma profunda alegria de viver. Uma vez de volta ao presente rendidos entregues com amor, os problemas causadores das sensações desagradáveis se transformam e deixam de ser problemas, apresentando-se, imediatamente a direção para uma solução imprevista e fácil.


A sensação interna, o guia


Quando o guia fala por meio da nossa biologia, expressa-se assim: bem estar para a luz verde ou para nos dar o beneplácito sobre o que estamos fazendo, incômodo para que nos detenhamos e mudemos o rumo do que estávamos vivendo. Podemos observar, que às vezes, nos sentimos relaxados com ampla respiração, força, segurança total, sorriso interior, conforto interno, bem-estar, principalmente no abdômen com uma sensação de caricia interna e de abertura confiante e segura, de estar em casa, e intimidade conosco mesmo e com o entorno.



Nesse momento, todas as nossas células nos dizem: "você está indo bem", "continue assim", "continue com esse pensamento ou esse ato". E, ao escolher seguir nessa direção, é frequente sentir uma emoção, que qualificaremos de meta emoção, como amor, reconciliação, força, inclusão, o serviço, alegria, paz e etc. Em outras ocasiões, nos sentimos contraídos, angustiados, alerta, estressados, com alguma contratura ou dor e uma respiração mínima. Nossas células estão dizendo: "não continue", "não vá por aí", "esse pensamento, essa crença, essa reação, essa emoção, não".


Aprender a reconhecer sinais é ter o comando da sintonia com a vida! E, utilizá-los conscientemente é aprender a se deixar guiar por outro nível.



Como menciono no meu primeiro livro esse sinal interno pode se transferir para outras partes do corpo e outras linguagens: nossos dedos podem nos dar o sinal do sim e do não, o balanço do corpo funciona como pêndulo. A cinesiologia divulgou vários sinais ideia-motores. Para cada um de nós, o guia, nosso inconsciente ou algo maior, tem uma linguagem de preferência. Não se trata de impor um novo sinal, mais de se conectar com o sinal pré-existente e ver como estabelecer o melhor diálogo com o nosso guia.


Não importa qual seja a situação em que estivermos, podemos voltar a nos conectar com o modo expansão que o nosso guia deseja para nós. Para continuar, eu proponho como:


Eu me observo. Eu me sinto.


Respiro a partir do ventre ou a partir do coração, sem interrupção entre inspiração e expiração, de forma mais natural possível. Assim estou presente estou no adulto, em meu eu maior.


Continuo observando como me sinto.


Se observar uma alteração em qualquer parte do meu corpo, eu a localizo bem e acolho.

Agradeço esse novo sinal e decido permanecer no adulto presente, o controle da respiração consciente.



Escolha uma dessas duas estratégias:


A primeira: a partir do adulto presente, com respiração consciente, acolho alteração e lhe dou um tempo e o espaço de que precisa para terminar seu ciclo. Permaneço sereno, centrado e separado da sensação. A respiração, em especial a respiração a partir do coração, como se estivesse os pulmões no coração ajudará a não me deixar afetar. Sei que mais cedo ou mais tarde terminará.


A alteração se despede com uma respiração profunda de alívio. Às vezes, uma onda de culpa pode me invadir e, também ir embora, mostrando com o calor que a caracteriza que um trauma muito profundo, antigo por fim está se desvanecendo. E, sobretudo aos poucos, apareceram angústias, tristezas e pesares muito antigos, muito conhecidos, como conhecidos muito velhos que acreditava ter despedido para sempre e tinha esquecido completamente. Será necessário continuar bem no adulto, com muito carinho para conosco mesmo e para com essas alterações, enquanto elas fazem seu percurso pelo nosso corpo, e aceitar que a dor se vá com um último golpe.

Até chegarem os últimos suspiros liberadores, deixo que tudo aconteça sem interferir.


A segunda: permaneço no adulto, com a respiração consciente, e me pergunto se o que está interferindo é algo de agora ou se pertence ao passado.

Se é de agora, procuro o que estava vivendo no segundo anterior ao surgimento do incômodo e o deixo ir: pensamentos, decisão, ato ou emoção. Quando a emoção é nossa conhecida estamos em uma repetição de algo bloqueado e não estamos vivendo uma emoção primária, estamos em um drama. Atitude adulta será então de assumir que precisávamos deste conflito e de sua repetição. Uma decisão antiga da infância está ainda atuando. Identificaremos essa decisão e por qual fidelidade de amor (a quem dizemos: eu como você) e tomamos por qual dinâmica inconsciente de amor (eu por você, eu sou você). E, espontaneamente tomaremos uma nova decisão para nossa vida.



Se pertence ao passado, pergunto se é meu ou não. Se é meu, me abro com amor a essa emoção antiga bloqueada, sem necessidade de identificar, permitindo que termine seu ciclo, deixando a ela todo o espaço e o tempo que precisa para concluir seu percurso. Se ela não me pertence, posso me dirigir a alguém, mesmo sem saber de quem se trata, para honrá-lo e para dizer que o que aconteceu já está terminado. E uma dessas frases nos ajudará a voltar para nossa vida: "te libero de mim", "eu sou eu e você e você", "você por você e eu por mim ", "já está tudo pago", "eu me permito ser como sou", etc.


O que é este guia interno?



O guia interno existe sim. Busca nosso agradecimento à vida, assim como ela é, e nos avisa sempre que nos afastamos disso, por estar renunciando a fluir com a vida como ela é, transgredindo alguma força do amor.

A sensação interna tem como objetivo ajudar a nos sintonizar com a vida. Essa sensação reflexo de uma consciência que guia cada um de nós e a todos, é permanente. A conexão com essa consciência, com a presença, com esse algo maior é permanentemente enquanto estamos vivos. E não importa o que façamos, quer dizer, estamos conectados desde a nossa concepção, sem que tenhamos que fazer nada para conseguir. E, também, não é preciso saber para que: o propósito nos guia, não nós a ele.


O sinal sensorial é meu vínculo biológico com algo maior que me guia. É meu vínculo biológico com algo de outra natureza que me informa e me conecta sem cessar.


Sou conexão, faça o que fizer. Não preciso fazer nem saber nada, eu sou.


A presença desse movimento de minhas células é a presença em mim, é a mão que algo me estende, a partir do presente, e me orienta para o propósito do meu ser, um propósito a serviço da minha vida e do universo: estar presente, estar no amor.


O sinal me fala da minha presença. Da minha presença no mundo, da minha conexão com tudo e todos. É a presença em mim que solicita minha presença consciente.



A presença tem todas as formas possíveis


Tudo fala conosco e nos guia continuamente. Se aceitamos sentir, ver ou escutar, dar-nos-emos conta de que nossos corpos e todo em torno nos enviam, permanentemente sinais e sincronicidades para que permaneçamos no amor, no instante presente. Somos como Um com o entorno, com a natureza, com o cosmos, acima e abaixo são Um.



O campo fonte tem a responsabilidade de controlar e garantir o nosso respeito às leis do destino. A vida é feita para viver o amor, para materializar a escolha do amor, para que o amor se materialize através da evolução dos seres humanos.

A realidade é criada de um modo tão surpreendente que ela mesmo irá fazer o que for possível para fazer-nos ver, nosso afastamento ou nossa aproximação do amor, oferecendo-nos, exatamente o que estávamos pedindo ou pensando. Para que possamos perceber que as condições externas refletem nossos parâmetros internos.


Quando estamos na queixa, na crítica ou na rejeição apoiamos nossas emoções negativas com crenças e pensamentos sobre o mundo que as justificam. Elas se retroalimentam mutuamente. E o mundo que nos rodeia, irá nos dar razão. Não é surpreendente que a extrema diversidade de opiniões sobre o mundo se apoie sempre nas justificativas objetivas de cada opinião? Nós recebemos o que precisamos ver e, como está demonstrado, é também a única coisa que podemos ver. E será também a única coisa que possa fazê-lo mudar como veremos adiante.



Da mesma forma, ao voltar ao amor a tudo como é, a paz e alegria irão nos tomar e o mundo que nos afeta nos trará mais paz e alegria. Nesse sentimento e agradecimento a tudo como é, está também a rendição ante a todas as polaridades, pois do nosso respeito e assentimento surgem as novas possibilidades e a abertura da abundância do universo conosco.

Nossas energias internas orientam nossas energias externas, porque todas as energias são uma. Como chegar então ao sucesso e a paz?

Estando em todo momento a escuta dos nossos guias, ou seja, das nossas sensações internas e do que nos rodeia: sintomas, doenças, imprevistos (acontecimentos, encontros, palavras, acidentes) e todos os nossos conflitos. Tudo isso são intervenções dirigidas a partir de uma consciência fonte, em ressonância com uma intrincação ou com alguma rejeição pela vida assim como é, para liberar simultaneamente a pessoa, seu passado pessoal, ou os seus ancestrais com os quais ela estiver intrincada, e a pessoa presente que se enredou nessa energia.


Quando nossos atos, pensamentos ou emoções se opõe a vida assim como ela é, esses fenômenos se desencadeiam, um após o outro, para provocar mudanças em nós, até que retornemos o caminho da sintonia com a vida e com ela do sucesso e da alegria. Não se trata apenas de estar à escuta, mas também de nos deixar guiar ativamente.


Fonte: As forças do Amor e As Novas Constelações /Brigitte Champetier de Ribes

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