![](https://static.wixstatic.com/media/a8e7f6_537a54f4307b4e34bbd04dce76221e6f~mv2.jpg/v1/fill/w_256,h_170,al_c,q_80,enc_auto/a8e7f6_537a54f4307b4e34bbd04dce76221e6f~mv2.jpg)
Como eu dizia, o principal indicador que uma relação está bem terminada é que somos capazes de estar felizes em uma relação posterior. E, em sentido contrário o principal sintoma de que uma relação não está bem terminada é que ainda não conseguimos encontrar outra direção nem nos envolvermos em outra história com força e com sentido, ou seja, boa parte da energia ainda está em assuntos do passado. É óbvio que o processo de se separar e se recompor exige tempo, mas não um tempo eterno. Em um workshop no México uma mulher afirmou que ela amava mais seu ex-marido do que ele a ela, visto que depois de quinze anos de separação ela ainda não havia tido outra relação, porém, ele havia iniciado outro relacionamento depois de dois anos. Pareceu-me que não se tratava tanto de amor quanto de propaganda, e que na verdade havia mais vingança que outra coisa. Como se intimamente ela dissesse ao seu ex algo como: "Por sua culpa eu ainda não reconstruí minha vida" ou "eu me mantenho amarrada a você esperando-o" ou "ficando sozinha não o solto, não o deixo livre" . Quando conseguimos nos abrir a outra relação, também fazemos com que o outro sinta com mais força sua própria liberdade.
Muitas vezes, quando trabalho com casais, manifestam-se as amarras em relações anteriores e a atração por aquilo que ficou incompleto, ou que não deu certo, surge então a necessidade de descobrir como, porque e para que parte da energia de uma pessoa se volta para relacionamentos anteriores. e como resolver isso. O vínculo com as pessoas anteriores necessita de despedida, ser deixado para trás para que outra pessoa ou um caminho próprio possam se materializar como força renovada. Como se termina bem o passado? Primeiro como eu já disse, entregando-nos a dor, abrindo-nos para a dor da ferida, da decepção e da frustração. E, durante um tempo vivendo a turbulência da dor emocional correspondente, a culpa, a tristeza ou a raiva, ou a sensação de fracasso ou desespero ou medo. Muitos sentimentos nos visitaram, e como hóspedes permaneceram um tempo conosco, e depois irão embora, e depois voltarão com menos força e irão embora de novo, cada vez mais diluídos. E quando se forem quase por completo, notaremos que se abre de novo um espaço para o amor em nosso peito. Por outro lado, terminar bem significa fechar com amor, com amor pelo que vivemos e com amor pela pessoa, mas em outra posição. Porque sobre o amor do que vivemos antes, podemos construir um edifício forte. Certas pessoas pretendem fechar o passado com muito ressentimento, com muita amargura, muito azedume, e então tendem a construir um edifício sobre cinzas e ruinas, e ele sempre será fraco.
![](https://static.wixstatic.com/media/a8e7f6_f96b02f76cdf4961ad7d29ada96668fd~mv2.jpeg/v1/fill/w_256,h_170,al_c,q_80,enc_auto/a8e7f6_f96b02f76cdf4961ad7d29ada96668fd~mv2.jpeg)
Uma segunda (ou terceira ou quarta) relação deve ser construindo sobre o amor da anterior, sobre o que houve de bom da anterior, deve-se dignificá-la por assim dizer. Certas pessoas buscam uma segunda relação e dizem:" a anterior foi um desastre, esta será boa" ou desqualificam a pessoa anterior e pensam que a seguinte será melhor, com o príncipe ou princesa encantada esperada. E então algo não funciona, ou funciona forçadamente por um tempo, visto que a oposição a algo no início nos dá uma força especial. Mas depois enfraquece o relacionamento e é muito provável que também não prospere. Sobre a rejeição não se constrói bem, porque o que rejeitamos está sempre atrás de nós perseguindo, tomando nossa energia. Edificamos melhor quando temos bons alicerces e quando podemos reconhecer o amor que houve no anterior, seus limites e quando nos rendemos a esses limites.
É importante dar um bom lugar aos relacionamentos anteriores, integrar e aceitar o passado aceitando-o com amor, com o que foi possível e o que não foi possível. É muito perigoso utilizar nossas feridas para justificar que não mais caminhamos para a vida e para o bom. Muitos homens e mulheres se apoiam em feridas que os relacionamentos anteriores lhes causaram para dizer não a um novo amor. Mas a cada manhã podemos nos levantar e dizer:" Sim, eu caminho para a vida, caminho para minha felicidade" ou "ponho bálsamo em minhas feridas ao invés de lhes conceder o lugar do tirano "ou também "como ja fui ferido antes e consegui superar isso, não preciso de novas armaduras, posso abrir mais facilmente meu coração". Só devemos nos recusar a tirar partido do nosso próprio sofrimento.
Caminhar para a vida é uma decisão que requer força para deixar a dor para trás; requer renunciar aos benefícios que obtemos com nossas feridas. O relacionamento ganha força quando os anteriores, e nossa história amorosa em seu conjunto, podem ser integrados, quando o que criamos juntos tem mais peso e mais força que nossos relacionamentos passados e nossas famílias de origem; quando agradecemos aos nossos companheiros anteriores e nossas famílias por terem possibilitado nossa realização amorosa. O protagonista de uma história de Jorge Bucay explica: " Fui comprar um final feliz, procurei, procurei mas não pude encontra-lo. E, vendo que não podia encontra-lo resolvi investir num novo começo". É que quando um amor vai embora, deixa lugar para um novo. Embora não se consiga um final anterior feliz (um final costuma ser mais traumático, doloroso e frustrante). E possível edificar algo sobre o respeito e a gratidão ao anterior a integração das feridas, os limites necessários para canalizar os desacordos, especialmente quando há filhos e a despedida na dor e no amor. O novo se constrói sobre o velho quando o velho não são ruínas e cadáveres, e sim bons alicerces de amor, respeito e gratidão. Portanto uma relação termina de forma saudável, quando com o tempo necessário, dentro de nós torna a fluir o amor e do lado de fora ficam claros os nossos limites. Fonte: Joan Garriga, em "O amor que nos faz bem".
Comments