Quando dizemos "toda criança é boa, e seus pais também", algumas pessoas provavelmente acenarão a cabeça em sinal de desaprovação, porque essa declaração é muito abrangente. Ela significa, ao mesmo tempo, que nós também somos bons, que éramos bons quando crianças, e que continuamos sendo bons. E também significa que nossos pais são bons, porque já foram crianças, eles eram bons quando crianças e são bons como pais.
A Constelação familiar deixou claro que estamos integrados em um sistema maior, em um sistema familiar. É um campo espiritual, que liga todos entre si, em ressonância. As vezes, esse campo entra em desordem, por exemplo, quando se infringe o direito ao pertencimento, que é comum a todos. Nesse campo, ninguém se perde, a pessoa continua atuando. Por meio da ressonância, outro membro da família é escolhido para representar o excluído.
Esse membro, por exemplo, uma criança, pode se comportar de forma estranha. Talvez se vicie, adoeça ou ou desenvolva um comportamento criminoso ou agressivo. Mas isso só acontece porque essa pessoa olha com amor para esse excluído e, com seu comportamento, nos obriga a olhar com amor para esse rejeitado e excluído. A experiência demonstrou, por exemplo, que crianças irriquietas que tem o "bicho carpinteiro" como se diz, na verdade estão olhando a um morto, que a família já não enxerga mais.
Em vez de olhar com cuidado para essa criança, tentamos mudá-la. Isso não dá certo, porque forças muito maiores estão em ação. O caminho correto seria olhar com essa criança para este campo espiritual, ao qual também pertencemos. Voltamos então a ver a pessoa excluída, que está esperando por reconhecimento , e podemos reintegra-la na nossa alma, em nosso coração e na nossa familia. Depois disso a criança pode respirar aliviada. Ela está livre do emaranhamento com outra pessoa . Isto é libertador para todos, inclusive para os pais. A partir de agora todos podem viver no presente, com mais amor e tolerância, para além da reles distinção entre bem e mal. Por isso dizemos que toda criança é boa. Se nós a deixarmos ser boa.
Quando crianças, os pais também muitas vezes olhavam para alguém, especialmente para aqueles que eram tidos como difíceis. Como crianças, eles olham para uma pessoa excluida e, por isso, muitas vezes não estão acessíveis para os próprios filhos. Durante uma constelação familiar , todos voltam aos seus lugares e todos respiram aliviados.
Do livro "A própria felicidade" de Sophie Hellinger.
Comments