Sobre o bem e o mal:
"Nada é bom ou mau, é o pensamento que o faz assim."
Willian Shakespeare.
A banalização da palavra Alma.
Hoje em dia, alma é apenas uma palavra curinga. Mais insinua que assinala, mais evoca que detalha ou designa.
Carece de uma definição conceitual precisa, embora seja possível rastrear sua história e os conteúdos que designa por meio da filosofia e teologia. Intuitivamente chega até nós como algo bom, uma vez que a associamos com aquilo que tem coração, porque reflete o profundo, o sutil, o bondoso e o compreensivo.
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É o que nos faz humanos, irmãos no amor e na dor, na força e na fragilidade.
Ao não descrever nada com clara precisão conceitual a alma mostra -se como símbolo, metáfora ou reflexo.
Palavras como graça, sabedoria, ordem, harmonia, consciência, amor, espiritualidade, são espontaneamente associadas.
Tudo e todos querem ter Alma: da poesia às grandes empresas, de instituições e organizações às produções culturais, sociais e políticas.
Sim, a palavra alma é popular, complemento talvez imprescindível de um mundo feroz e competitivo, tão pouco comunitário e seco, a beira do extremismo e da glorificação e da fascinação pelo individual.
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Nunca antes havíamos desfrutado (e ao mesmo tempo sofrido) do fato de nos sentirmos tão importantes como seres individuais.
Nas ricas sociedades modernas a noção de coletivo e transcendente se desfez, e as pessoas buscam refúgio em um sagrado norte autorreferencial: nosso eu.
Sem muito esforço nos sentimos o centro do universo, e quando as dificuldades da vida se fazem presentes, tratamos de salvar o próprio barco, o tão presunçoso eu, relevando o grande marco de nós mesmos e do destino comum a um plano secundário.
Vivemos portanto no mito da liberdade individual.
No entanto, não é certo que aquilo que normalmente nos comove guarda relação com nossos vínculos, com as pessoas queridas, com o que reside fora de nós, com o que compartilhamos, vemos e admiramos, além da nossa pele!?
Em momentos cruciais, talvez diante de revezes graves, perdas ou enfermidades, a vida não nos obriga a sintonizarmos com seus propósitos mistérios e aceita-los?
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A liberdade e a vontade individual são então postas em dúvida, em um mito belo, atraente e juvenil que carece de sentido real quando se confronta, por exemplo, com as forças familiares e os caprichos do destino ou os limites naturais do biológico.
Na experiência de sentir e reconhecer o transcendente, ou seja, o que é além de nós mesmos, encontramos o tom da alma.
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E, diante da grandeza do que não é um eu, mas faz conexão com um tu, ele ou nós, reconhecermos sua fragrância.
No sentido mais profundo da alma permanecemos unidos e humildes.
Queridos amigos:
Se chegaram até daqui nessa leitura, é porque esse assunto lhe desperta interesse, talvez já és um desperto. Deixe seu comentário, seu parecer, suas reflexões.
Seguiremos juntos nessa série de abordagens sobre viver na alma guiados pelas reflexões e vivências profundas do nosso querido Joan Garriga.
Grata por estar comigo no caminho de despertar a consciência de Ser!!!
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